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terça-feira, 22 de janeiro de 2019

O Correio Liberal Não Sr. Comuna


“Não, Sr. Comuna”


A obra “Não, sr. Comuna”, escrita pelo Paulista Evandro Sinotti é um marco na tradição editorial brasileira. Até o momento presente, talvez nunca tenha havido, em comércio aberto, uma espécie de manual destinado a fazer algo que é tão repulsivo à cultura brasileira – “desequerdizar”.


 O livro é dividido em 23 capítulos, todos destinados a esclarecer equívocos comumente repetidos por apadrinhados ideológicos e famigerados “esquerdistas”; equívocos estes que, além de não possuírem, muitas vezes, o mínimo de coerência ou fato empírico que assegure sua sustentação, apenas servem para emudecer de espanto, com tamanha ignorância, o individuo bem entendido que eventualmente os possa ouvir.

 Em si mesmo, “Não, sr. Comuna”, é, portanto, um livro radical. Se inicia exatamente com o radicalismo de deixar assente a verdadeira e única raiz de toda e qualquer riqueza: a ação humana, a iniciativa pessoal, privada, competitiva; enfim, o capitalismo, este portentoso mal que, quanto mais retira povos e pessoas da extrema pobreza, mais é duramente criticado. Perpassa o mito do progresso, onde afirma categoricamente que nossa riqueza material deve-se exclusivamente ao uso do capital. Desconstrói a fábula do congelamento de preços, o qual, categoricamente, não é capaz de reduzir taxas inflacionarias ao longo prazo e ainda nos premia com escassez e desemprego. Salienta a impossibilidade teórica do socialismo, deixando claro que sob este arranjo económico, político e social a racionalidade na tomada de decisão não existe. Esclarece todas as inverdades a respeito das condições de trabalho durante a Revolução Industrial inglesa e que cercam as equivocadas denúncias sobre trabalho escravo na China que eventualmente decorreriam da globalização. Alerta, dentre outras coisas, para o risco do confisco de propriedade e tributação de lucros e grandes fortunas, desvelando suas principais consequências e deixando claro a vacuidade perniciosa subsistente nesta proposta. 

 Ao leitor já iniciado no mérito liberal e conservador, a leitura é cómoda e recomendada para reforçar as lições já aprendidas. Ao leitor ainda não introduzido nestes estudos, mas que pouca afeição nutre pelas doutrinas do socialismo, comunismo e afins, a leitura é, ao mesmo tempo, quase obrigatória e porta de entrada para um mundo inesgotável de clássicos, razão e brilhantismo. Já ao leitor não introduzido que teme desassossegar-se do marxismo-leninismo popular, a leitura reveste-se de importância moral.  Como já dizia John Locke há centenas de anos, ninguém possui o direito de escravizar-se ou atentar contra a própria liberdade. A você, esquerdista, o livro representa a alforria e a libertação de um peso autoritário, um abraço mísero disfarçado de grandeza, de promessas falsas e demagógicas.

 Sinotti não poupou palavras onde era preciso, não se delongou onde não era necessário, nem omitiu dados e opiniões onde não o era consentido fazer. É sucinto e direito ao ponto ao desmascarar a falácia da “economia soma-zero”; é consciente de sua missão ao explicar todos os pormenores da Lei Rouanet que justificam, ao menos, sua reformulação e é cuidadoso ou trazer a lume os números da crise de 29 e as políticas que a antecederam e procederam.
No início, disse que “Não, Sr. Comuna” tratava-se de um marco na tradição editorial brasileira. Digo-o de novo. Reitero. Não há livro algum na história brasileira que trate tão eficientemente do ressentimento quando travestido em discurso político e económico. É um convite aos que ainda nutrem certa ojeriza ao capitalismo e que insistem em remeter aos ricos e à propriedade as causas das mazelas do mundo. Um guia excelente e muito útil para os que ainda sofrem deste mal.

 Se o leitor ainda precisar de referências físicas, o livro possui pouco mais do que 200 páginas, preenchidas com textos de fácil leitura e apreensão. O valor do investimento – sim, isto mesmo, investimento – apresenta variação de acordo com a livraria que o oferta, mas não chega a ultrapassar o patamar de R$ 35,00. Vale à pena. Vale à pena, é necessário principalmente para você, que, enraivecido e prestes a rasgar esse papel, deve estar pensando: “Ultraje! Este livro deveria ser censurado! Apenas a esquerda é compatível com a liberdade! Morte ao capitalismo!”.