A FUNÇÃO
DIDÁTICO PEDAGÓGICA DA LINGUAGEM MUSICAL
A função didático-pedagógica da
linguagem musical, uma possibilidade na educação busca chamar a atenção para as
necessidades pedagógicas que se apresentam atualmente à educação. Nesse sentido
novas possibilidades devem ser experimentadas, como é o caso da linguagem
musical no processo ensino-aprendizagem, pois esta resgata outras facetas do
processo educacional, como a emoção e a criatividade, as quais estão envolvidas
pelo conteúdo interdisciplinar, subjetivo e estético dessa linguagem artística.
Atualmente algumas teorias relacionadas ao processo ensino-aprendizagem
apresentam-se diferenciadas em relação às tradicionais , pois partem de outros
parâmetros no estudo das apreensões cognitivas e do conhecimento de modo geral.
No útero materno, convivemos um bom
período ouvindo as batidas do coração, assim como a respiração dos nossos
pulmões e os movimentos mais delicados do nosso metabolismo, juntamente com os
ciclos cerebrais. Portanto, o ser humano é sensível à música e todos podem
desenvolver esses dotes em si mesmos e nos seus semelhantes. A música é muito
mais que um simples conjunto de sons que se unem em uma melodia. Ela penetra
nossa pele, provoca arrepios de prazer ou nos faz mergulhar em doces
lembranças. Algumas melodias não nos tocam, enquanto outras nos atingem
diretamente – e podem até mesmo transmitir significados concretos. “O cérebro
de todo ser humano se interessa muito por informações musicais e é extremamente
habilidoso em compreender seu significado”, explica Stefan Kölsch, do Instituto
Max Planck de Ciências Cognitivas e Neurológicas, em Leipzig. Kölsch investiga
a ligação entre a música e a fala. O músico e psicólogo descobriu que o cérebro
não faz grande diferença entre as duas: ambas são trabalhadas na mesma região.
(SCHALLER, 2005, p. 64-69).
Segundo Bigand (2005, p. 59-61) a
música se instala em nós sem percebermos tal efeito. Então, pessoas sem
formação musical podem identificar acordes, melodias e temas da mesma forma que
músicos profissionais. Nesse sentido, alguns estudos advindos da neurociência
corroboram no sentido de identificar similitudes entre os caminhos
neurobiológicos no processamento da linguagem e as percepções musicais. Dizem
ainda, que atividades musicais estimulam a memorização, resolução de tarefas
espaciais, capacidade de atenção, operação de categorização e raciocínio. Por
fim, o autor diz que, sendo músico ou não, todos podem aprender com a música,
pois os circuitos neurais envolvidos nas atividades sonoras são delineados
previamente à aprendizagem explicita da música. Diante disso, é fácil observar
que a linguagem, principalmente textual da qual a sociedade contemporânea se
utiliza, pode ser potencializada por meio da utilização da linguagem musical
que serve a processos de ensino-aprendizagem e a elaboração de metodologias
alternativas e importantes à educação. De acordo com Valkíria (2007, p. 39-41),
no pensamento de Swanwick a música pode ser concebida como: “discurso, troca de
ideias, expressão do pensamento e forma simbólica”. Principalmente por sua
forma simbólica ela permanece no tempo e no espaço em diversas culturas. Não
obstante, a música se apresenta como caminho seguro ao pensamento, ao
conhecimento e ao sentimento.
Creio que a música persiste em
todas as culturas e encontra um papel em vários sistemas educacionais não por
causa de seus serviços ou de outras atividades, mas porque é uma forma
simbólica. A música é uma forma de discurso tão antiga quanto a raça humana, um
meio no qual as idéias a cerca de nós mesmos e dos outros são articuladas em
forma sonoras. (SWANWICK, 2003, p. 29 apud VALKÍRIA, 2007, p. 40). Os
movimentos e os andamentos sonoros das melodias proporcionam benesses no
direcionamento e concatenação das atividades. Para a criança, saltar, marchar,
andar com velocidade ou bailar ao som de melodias, desenvolve o sentido rítmico
e graça. Para jovens e adultos, o som agradável favorece os afazeres tediosos e
rotineiros. No que diz respeito à prontidão, também é muito eficiente, tanto na
realização de atividades físicas ou para representar uma história. O
desenvolvimento vai além do sinestésico, atingindo outras facetas do ambiente
escolar. Os mesmos autores (CAMPBELL; DICKSON, 2000, p. 140) destacam o
pensamento de Don Shiltz quando este diz que a linguagem musical ajuda no
estudo de vários conteúdos. Ela é componente histórico de qualquer época,
portanto oferece condição de estudos na identificação de questões,
comportamentos, fatos e contextos de determinada fase da história. Os
estudantes podem apreciar várias questões sociais e políticas, escutando
canções, música clássica ou comédias musicais. Por outro lado, em relação à
música e a interdisciplinaridade, ressalta-se que ela faz parte de nossa
existência e está presente em todos os instantes de nossa vida: bailar, venerar
os mortos, nas festas, rituais e outros. Presente no dia a dia de alguns grupos
humanos, ainda nos dias atuais é utilizada e executada por todos. Praticamente
todos os grupos humanos entram em consonância com a linguagem musical desde os
primeiros anos de sua vida, até seu derradeiro suspiro. A música pode e deve
ser utilizada em vários momentos do processo de ensino aprendizagem, sendo um
instrumento imprescindível na busca do conhecimento, sendo organizado sempre de
maneira lúdica, criativa, emotiva e cognitiva. Os currículos de ensino devem
incentivar a interdisciplinaridade e suas várias possibilidades, pois a música
ajuda em todas as fases e etapas do ensino, assim como é usada para alimentar o
ímpeto patriótico, ilustrando as tradições e datas comemorativas, bem como apresentando-se
através das diversas manifestações artístico culturais.
A utilização da música, bem como
o uso de outros meios artísticos, pode incentivar a participação, a cooperação,
socialização, e assim destruir as barreiras que atrasam a democratização curricular
do ensino. Para que isso aconteça, se faz necessário a revisão dos métodos, da
fundamentação, das bases que orientam as várias atitudes didático-pedagógicas
dos conteúdos disciplinares. A interdisciplinaridade ainda não se apresenta com
muita visibilidade em nossa educação, tanto nas áreas de pesquisa como no
ensino, o que acontece são justaposições multidisciplinares.
A linguagem musical no processo de ensino
apresenta-se como instrumental metodológico e pedagógico de significativa
relevância, pois além de todas as
vantagens já colocadas, traz
inerente a sua natureza e caráter, a interdisciplinaridade com a qual se
dinamiza todo o processo de ensino-aprendizagem. Sem levar em conta que ela não
busca com insistência a aplicação de maneiras, prescritivas e pré-estruturadas,
na disseminação dos conteúdos a serem trabalhados.
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