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sábado, 21 de março de 2015

A FUNÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA DA LINGUAGEM MUSICAL

A função didático-pedagógica da linguagem musical, uma possibilidade na educação busca chamar a atenção para as necessidades pedagógicas que se apresentam atualmente à educação. Nesse sentido novas possibilidades devem ser experimentadas, como é o caso da linguagem musical no processo ensino-aprendizagem, pois esta resgata outras facetas do processo educacional, como a emoção e a criatividade, as quais estão envolvidas pelo conteúdo interdisciplinar, subjetivo e estético dessa linguagem artística. Atualmente algumas teorias relacionadas ao processo ensino-aprendizagem apresentam-se diferenciadas em relação às tradicionais , pois partem de outros parâmetros no estudo das apreensões cognitivas e do conhecimento de modo geral.
No útero materno, convivemos um bom período ouvindo as batidas do coração, assim como a respiração dos nossos pulmões e os movimentos mais delicados do nosso metabolismo, juntamente com os ciclos cerebrais. Portanto, o ser humano é sensível à música e todos podem desenvolver esses dotes em si mesmos e nos seus semelhantes. A música é muito mais que um simples conjunto de sons que se unem em uma melodia. Ela penetra nossa pele, provoca arrepios de prazer ou nos faz mergulhar em doces lembranças. Algumas melodias não nos tocam, enquanto outras nos atingem diretamente – e podem até mesmo transmitir significados concretos. “O cérebro de todo ser humano se interessa muito por informações musicais e é extremamente habilidoso em compreender seu significado”, explica Stefan Kölsch, do Instituto Max Planck de Ciências Cognitivas e Neurológicas, em Leipzig. Kölsch investiga a ligação entre a música e a fala. O músico e psicólogo descobriu que o cérebro não faz grande diferença entre as duas: ambas são trabalhadas na mesma região. (SCHALLER, 2005, p. 64-69).
Segundo Bigand (2005, p. 59-61) a música se instala em nós sem percebermos tal efeito. Então, pessoas sem formação musical podem identificar acordes, melodias e temas da mesma forma que músicos profissionais. Nesse sentido, alguns estudos advindos da neurociência corroboram no sentido de identificar similitudes entre os caminhos neurobiológicos no processamento da linguagem e as percepções musicais. Dizem ainda, que atividades musicais estimulam a memorização, resolução de tarefas espaciais, capacidade de atenção, operação de categorização e raciocínio. Por fim, o autor diz que, sendo músico ou não, todos podem aprender com a música, pois os circuitos neurais envolvidos nas atividades sonoras são delineados previamente à aprendizagem explicita da música. Diante disso, é fácil observar que a linguagem, principalmente textual da qual a sociedade contemporânea se utiliza, pode ser potencializada por meio da utilização da linguagem musical que serve a processos de ensino-aprendizagem e a elaboração de metodologias alternativas e importantes à educação. De acordo com Valkíria (2007, p. 39-41), no pensamento de Swanwick a música pode ser concebida como: “discurso, troca de ideias, expressão do pensamento e forma simbólica”. Principalmente por sua forma simbólica ela permanece no tempo e no espaço em diversas culturas. Não obstante, a música se apresenta como caminho seguro ao pensamento, ao conhecimento e ao sentimento.
Creio que a música persiste em todas as culturas e encontra um papel em vários sistemas educacionais não por causa de seus serviços ou de outras atividades, mas porque é uma forma simbólica. A música é uma forma de discurso tão antiga quanto a raça humana, um meio no qual as idéias a cerca de nós mesmos e dos outros são articuladas em forma sonoras. (SWANWICK, 2003, p. 29 apud VALKÍRIA, 2007, p. 40). Os movimentos e os andamentos sonoros das melodias proporcionam benesses no direcionamento e concatenação das atividades. Para a criança, saltar, marchar, andar com velocidade ou bailar ao som de melodias, desenvolve o sentido rítmico e graça. Para jovens e adultos, o som agradável favorece os afazeres tediosos e rotineiros. No que diz respeito à prontidão, também é muito eficiente, tanto na realização de atividades físicas ou para representar uma história. O desenvolvimento vai além do sinestésico, atingindo outras facetas do ambiente escolar. Os mesmos autores (CAMPBELL; DICKSON, 2000, p. 140) destacam o pensamento de Don Shiltz quando este diz que a linguagem musical ajuda no estudo de vários conteúdos. Ela é componente histórico de qualquer época, portanto oferece condição de estudos na identificação de questões, comportamentos, fatos e contextos de determinada fase da história. Os estudantes podem apreciar várias questões sociais e políticas, escutando canções, música clássica ou comédias musicais. Por outro lado, em relação à música e a interdisciplinaridade, ressalta-se que ela faz parte de nossa existência e está presente em todos os instantes de nossa vida: bailar, venerar os mortos, nas festas, rituais e outros. Presente no dia a dia de alguns grupos humanos, ainda nos dias atuais é utilizada e executada por todos. Praticamente todos os grupos humanos entram em consonância com a linguagem musical desde os primeiros anos de sua vida, até seu derradeiro suspiro. A música pode e deve ser utilizada em vários momentos do processo de ensino aprendizagem, sendo um instrumento imprescindível na busca do conhecimento, sendo organizado sempre de maneira lúdica, criativa, emotiva e cognitiva. Os currículos de ensino devem incentivar a interdisciplinaridade e suas várias possibilidades, pois a música ajuda em todas as fases e etapas do ensino, assim como é usada para alimentar o ímpeto patriótico, ilustrando as tradições e datas comemorativas, bem como apresentando-se através das diversas manifestações artístico culturais.
A utilização da música, bem como o uso de outros meios artísticos, pode incentivar a participação, a cooperação, socialização, e assim destruir as barreiras que atrasam a democratização curricular do ensino. Para que isso aconteça, se faz necessário a revisão dos métodos, da fundamentação, das bases que orientam as várias atitudes didático-pedagógicas dos conteúdos disciplinares. A interdisciplinaridade ainda não se apresenta com muita visibilidade em nossa educação, tanto nas áreas de pesquisa como no ensino, o que acontece são justaposições multidisciplinares.
 A linguagem musical no processo de ensino apresenta-se como instrumental metodológico e pedagógico de significativa relevância, pois além de todas as

vantagens já colocadas, traz inerente a sua natureza e caráter, a interdisciplinaridade com a qual se dinamiza todo o processo de ensino-aprendizagem. Sem levar em conta que ela não busca com insistência a aplicação de maneiras, prescritivas e pré-estruturadas, na disseminação dos conteúdos a serem trabalhados.

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