A CRIATIVIDADE MUSICAL COMO ELEMENTO
INTERDISCIPLINAR
A música insere-se como elemento criativo,
subjetivo, emocional e interdisciplinar, fazendo parte da educação, pois a
música é veículo pedagógico sempre presente desde os primórdios da humanidade,
sendo que na educação formal ela se faz presente desde os tempos pretéritos da
cultura clássica grega, a qual tinha na música o seu principal apanágio
educativo e de formação cultural, contribuindo na organização social,
construção de valores e formação do cidadão.
A música auxilia na
aprendizagem de várias matérias. Ela é componente histórico de qualquer época,
portanto oferece condição de estudos na identificação de questões,
comportamentos, fatos e contextos de determinada fase da história. Os
estudantes podem apreciar várias questões sociais e políticas, escutando
canções, música clássica ou comédias musicais. O professor pode utilizar a
música em vários segmentos do conhecimento, sempre de forma prazerosa, bem
como: na expressão e comunicação, linguagem lógico-matemática, conhecimento
científico, saúde e outras. Os currículos de ensino devem incentivar a
interdisciplinaridade e suas várias possibilidades. [...] A utilização da
música, bem como o uso de outros meios, pode incentivar a participação, a
cooperação, socialização, e assim destruir as barreiras que atrasam a
democratização curricular do ensino. [...] A prática interdisciplinar ainda é
insípida em nossa educação (CORREIA, 2003, p. 84-85).
Portanto,
incentivar a criatividade por meio da música é uma atividade muito salutar e
promissora em ambiente onde se pratica o ensino-aprendizagem. Sabe-se que mesmo
não se obtendo muita informação sobre o tema, pode-se dizer, sem temor de
engano, que a música oferece bons instrumentos à criatividade e vice-versa,
pois ela traz consigo o inusitado.
Na realidade,
todos os pedagogos enfrentam um grande desafio de difícil solução. Por um lado
existe a necessidade de exercitar a reflexão lógica e racional; em contra
partida, estimular a capacidade criativa dos educando. Têm-se, de um lado o
rigor mental e intelectual versus a subjetividade, emoção e liberdade de
expressão, portanto se faz necessário descobrir o equilíbrio entre os campos.
Quanto mais estudarmos o tema criatividade e tudo o que a envolve, mais
aceitável e procedente serão suas intervenções. Para instigar a criatividade, é
necessário provocar os alunos com pensamentos instigadores. Uma boa estratégia
é transformar as informações em projetos que a turma poderá desenvolver. Nesse
caso os estudantes poderão desenvolver suas ideias ao invés de recebê-las
prontas. Além disso, é importante fazer com que o educando num primeiro momento internalize os conteúdos, sejam eles de
várias naturezas, e posteriormente externalize-os, sendo que um instrumento
eficaz para tanto pode ser sugerido por meio da música e seus elementos inter e
multidisciplinares, bem como a aplicação de sua natureza emocional e racional,
as quais proporcionam a criatividade, fazendo a elaboração e (re) elaboração
dos saberes e consequentemente sua interferência no processo
ensino-aprendizagem.
De acordo com os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN), o ensino da música
tem por objetivos gerais abrir espaço para que os alunos possam se expressar e
se comunicar através dela, bem como promover experiências de apreciação e
abordagem em seus vários contextos culturais e históricos. A proposta é trazer para sala de aula interpretações de
musicas já existentes, para que os alunos possam vivenciar o processo de
expressão individual e grupal, não se esquecendo de fazer conexões com a
localidade e a identidade cultural dos alunos, permitindo-lhes também
improvisar, compor, observar e analisar suas estratégias e de seus colegas nas
atividades de produção.
A proposta de Villa-Lobos era
ensinar a musica através do canto orfeônico valorizando as canções populares
folclóricas. Com isso Villa-Lobos tinha em mente o objetivo de fazer com que
principalmente crianças de cinco a quatorze anos aprendessem a ouvir e
desenvolver um gosto pela música.
Villa-Lobos deixa claro que sua
proposta não é de formar músicos instrumentistas, ele argumenta que não a
mercado para estes pois o publico não interessa em ouvir a musica como
manifestação artística devido à educação musical que a maioria da população não
tem ou tiveram acesso (PAZ, Ermelinda, Pedagogia Musical Brasileira no Século
XX. p. 14).
O uso de canções folclóricas para
a prática musical é também uma proposta de Kodaly que fez pesquisas pela
Hungria onde coletou canções populares de transmissão oral para que estas
canções pudessem ser ensinadas com objetivo de resgatar a cultura e
ensinar a música através do canto.
O canto é um dos instrumentos
mais usados pelos educadores musicais tanto os brasileiros quanto os
estrangeiros. Isso por motivos de ter o fácil acesso e por desenvolver a
percepção musical.
A principio o objetivo dos
educadores musical não é o de formar músicos técnicos ou teóricos e sim formar
apreciadores musicais e praticantes da música.
“O mais importante e o primeiro
ensinamento que a criança deve adquirir é a consciência do ritmo” (Pedagogia
Musical Brasileira no Século XX. PAZ, Ermelinda p.14). Este pensamento de
Villa-Lobos caracteriza que em sua visão o ritmo é o principio da prática
musical. Apesar de ser de maneira diferente todos educadores musicais dão
ênfase ao ritmo mas Dalcroze e Sa Pereira trabalham com o movimento do
corpo enquanto Villa-Lobos trabalha mais de uma forma tradicional fazendo
uso do metrônomo já Gramani ao invés de trabalhar o ritmo como algo horizontal
ele trabalha mais de modo vertical desconsiderando barras de compasso e fazendo
uso de sobreposições de vozes e contraponto.
Em
práticas de aula a importância dada ao canto, a música folclórica, a música como algo sonoro, ao jogo e
ao ritmo, tem um efeito musical muito bom pois as aulas possuem um
desenvolvimento musical muito abrangente e que fica implícito nas atividades,
por exemplo em uma simples brincadeira de roda pode-se trabalhar com o pulso,
dinâmica, memória musical, improviso, etc. Fazendo com que haja uma
aprendizagem intuitiva e espontânea.
É importante destacar que o trabalho com práticas
em formas de jogo faz parte da proposta de Call Orff e Sa Pereira, que em suas
propostas fazem uso do caráter lúdico para que a aprendizagem fique prazerosa e
natural.A criatividade, a composição e o movimento do corpo são muito
trabalhados em aulas fazendo-se uso de brincadeiras de roda onde há
principalmente o movimento do corpo com uso
da criatividade e da composição seja ela musical ou não.Fundamenta-se, portanto, no desenvolvimento da
criatividade, da experimentação e da auto expressão, alcançadas através de
atividades de improvisação e composição. Nesse processo, o trabalho centra-se
quase que exclusivamente na manipulação e experimentação dos mais diferentes materiais,
utilizando-se desde o som de papéis, plásticos, vidros, enfim, material de
sucata em geral, até o som de sintetizadores e computadores. Ao professor
compete orientar o aluno, facilitando o processo de aprendizagem,
"estimulando, questionando, aconselhando e auxiliando, ao invés de
demonstrar e dizer" (SWANWICK, 1988, p.14)2. Alem disso há também o uso de sons aleatórios e
ritmos normalmente não usuais pelos educadores da primeira geração.
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