A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO USANDO A MUSICA COMO RECURSO DIDÁTICO
A prática musical estimula a
percepção, a memória e a inteligência desenvolvendo no “ser” a capacidade de
assimilação de conteúdos por meio da sensibilidade. O lado afetivo-emocional,
quando tocado, contribui para a construção do conhecimento à base da motivação,
principalmente quando o educando consegue relacionar letras e sons, trabalhados
junto à música com a realidade cognitiva construída em sala. Essa discussão
procura viabilizar um debate mais amplo sobre a música e suas possibilidades
didáticas. No Ensino Fundamental professores “praticam” o ato musical,
veiculando letras relacionadas com conteúdos específicos, obtendo de seus
educando bons resultados e muita motivação para o aprendizado no ambiente
escolar, tendo a arte como “pilar” essencial. O antropólogo americano Alan P.
Merrian formulou a teoria da etnomusicologia com a qual defende que a música é
um poderoso meio de interação social produzida por especialistas para outras
pessoas. É cada vez mais visível que em diversas áreas do aprendizado pouco
ainda se é utilizado o recurso artístico como ferramenta didática. Mesmo com
evidências de sucesso, nos momentos e espaços em que a música é praticada no
auxílio da aprendizagem, ainda há pouco reconhecimento e pouco uso habitual no meio
pedagógico. A Música é definida por Merriam como um meio de interação social,
produzida por especialistas (produtores) para outras pessoas (receptores); o
fazer musical é um comportamento aprendido, através do quais sons são
organizados, possibilitando uma forma simbólica de comunicação na inter relação
entre indivíduo e grupo (PINTO, 2001, p. 224)
No Brasil, um grave problema
exige um maior cuidado para o uso competente das melodias e letras existentes
na atualidade. Em momento que a produção musical, em torno de letras e
melodias, tem dado mais atenção às exigências de mercado do que as necessidades
culturais encontra-se dificuldade na localização de conteúdos úteis ao fazer
pedagógico. Incentivar o educando a compreender a importância de uma boa composição
é necessário para mudar o cenário em que a música está sendo utilizado,
principalmente como recurso mercantilista. É urgente a necessidade de reavaliar
o conceito de cultura para que o seu entendimento seja justo e habite no que realmente
ele é, e não apenas uma ilusão construída pelo mercado em busca do lucro. É
fundamental que haja uma releitura do contexto musical enquanto cultura, e que
a mesma seja constantemente utilizada como ferramenta didática no processo de
construção do conhecimento. Ampliar o conhecimento de experiências vividas e
bem sucedidas facilitará na conscientização e motivação de educadores dispostos
a trabalhar com a música na sala de aula no Ensino Fundamental. A resistência
de muitos profissionais, por não acreditarem na eficácia da música no Ensino
Fundamental, afasta ainda mais este recurso dos educando. É preciso o
aprofundamento, a socialização de experiências e a incorporação didática no
currículo, para que a prática da música estimule o educando a observar,
questionar, investigar e entender o meio em que vivem os eventos do dia a dia e
as competências da profissão por meio da musicalidade. A socialização dos bons
resultados obtidos, com o uso da música como ferramenta didática, estimulará os
educadores do Ensino Fundamental a desenvolver outro olhar, mais receptiva e de
crença para as práticas educacionais que envolvem a musicalidade. Estas
práticas se aproximando do conhecimento científico e ganharão credibilidade, ao
mesmo tempo em que motivarão educadores que enxergam a arte como uma
possibilidade para crescimento cognitivo. A música é uma linguagem universal e
em diversos momentos da história contribuiu para o aperfeiçoamento do
comportamento humano e os seus benefícios não devem ser privilégio de poucos,
afinal a música é um bem cultural produzido pela humanidade e deve ser voltada
para ela mesma, principalmente para base social que se concentra na educação.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O conceito de música,
desenvolvido por Duarte (2008), não está apenas na combinação de sons, mas no
produto de longas e incontáveis vivências coletivas e individuais com a
experiência de civilizações diversas ao longo da história. E nesse movimento,
para ele, é possível mapear os sentidos embutidos numa obra musical relacionando
textos e contextos tendo como resultado principal, a produção do conhecimento.
O educando mesmo sem conhecimento
técnico possui dispositivos, alguns inconscientes, que permitem o diálogo com a
música. Esses dispositivos são verdadeiras competências de caráter espontâneo
ou científico que despertam a compreensão de aspectos técnicos.
Qualquer que seja nosso comportamento diante da música, de alguma maneira
nos apropriou dela e criamos algum tipo de representação sobre a mesma. Sabemos
da alegria que os jovens encontram em comunicar-se com outros jovens e pessoas,
graças as suas músicas, executadas ou simplesmente ouvidas, pois vivem, acolhem
e levam em conta à diversidade cultural, o que lhes parece com frequência ser o
valor essencial na escuta e nas atividades musicais. Com isto, conseguem
dividir e se respeitar, pois cada um pode ter a sua parte de colaboração na
música, como executor ou audiência, fazendo parte de um movimento cultural e
criando uma identidade para o grupo. (DUARTE, 2011)
Para Duarte (1997) a música vai
muito além do que a combinação das notas musicais, pois está presente até nos
ruídos dos passos, sons, ou seja, tudo que se produz som é música, e com o
legado histórico não se pode haver espantos com a riqueza das músicas, ainda
que o poder comercial dite regras e haja tendências musicais que pareçam não
contribuir com o crescimento e formação intelectual do indivíduo, novas experiências
vão existir, novos ritmos, quer sejam concretos ou abstratos.
O movimento com a música motiva
os educando, a partir do momento que é ela, a música, o elemento próximo das
realidades cotidianas. O simples fato do educando perceber um violão na sala,
um aparelho de rádio, uma flauta ou qualquer outro recurso sonoro, faz o
entender que a aula vai ser diferente, mais dinâmica e mais prazerosa do que
eles estão muitas vezes acostumados a enfrentar: a verdadeira ”tortura
intelectual”.
A importância e funcionalidade da
música no Ensino Fundamental, é motivar educadores a utilizar este recurso,
como mais um elemento didático e acreditar em seus resultados. A música é mais
uma estratégia facilitadora no desenvolvimento da inteligência, na integração
do ser e no aprimoramento de habilidades e competências exigidas pela pelo
processo de ensino-aprendizagem.
Neste viés, pode se acreditar em
uma prática mais útil do que admirável, e que os educadores podem sim, mergulhar
em experiências bem sucedidas para multiplicar o fazer pedagógico ligado à
sonoridade em suas diversas expressões. Mesmo reconhecendo problemas diversos
em um sentido mais pragmático são visíveis as inúmeras possibilidades de
construção, desenvolvimento da criatividade e motivação para o lado artístico
que podem morar em cada ser humano. A vida escolar desde as séries mais básicas
até os mais altos níveis científicos implicam em complexidade e a música já
provou o seu potencial em apoiar o desvendar destas complexidades. A música
como um Recurso Didático na Produção do Conhecimento tem trazido efeitos
positivos e promete ainda mais contando com a disposição dos educadores e das
unidades escolares.
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